Pesquisadores do sul do país encontraram uma forma de gerar energia elétrica a partir de uma fonte inesperada: a lama que se deposita no fundo do mar. Cerca de três mil navios circulam por ano no Porto do Rio Grande. Para garantir esse movimento, embarcações cavam buracos debaixo d’água e sugam a areia para aumentar a profundidade do canal.
Esse trabalho tem que ser feito todos os anos. Ao todo, são retirados um milhão e meio de metros cúbicos de material. Todo o lodo é jogado fora. Um desperdício que os cientistas da Universidade Federal do Rio Grande querem acabar.
“Vimos o potencial dessa lama como substrato, como matéria-prima pra gerar energia elétrica”, explica a pesquisadora da FURG, Christiane Ogrodowski.
A lama contém altas concentrações de uma bactéria conhecida como micróbio elétrico. Ela se alimenta de restos de peixes, algas e vegetais que estão na lama. No final da refeição, produz energia elétrica, liberada no meio-ambiente em forma de pequenas partículas chamadas de elétrons.
Os pesquisadores montaram uma pequena usina no laboratório. Placas de grafite captam a energia liberada pelas bactérias, que segue por fios até uma bateria – 0,25 volts, o suficiente para carregar um celular. “Posterior a essa etapa, vai se propor o tamanho que seria de uma usina de tamanho industrial, que aí sim utilizaria a energia a partir dessa usina para abastecer uma cidade em torno de 500 mil habitantes”, detalha Christiane.
A maior vantagem é a economia, dizem os pesquisadores. O custo dessas usinas é menor do que o das hidrelétricas. E a matéria prima viria das obras de dragagem do porto. Uma fonte de energia limpa no meio da lama do fundo do mar.
“Essa possibilidade de usar o sedimento para a geração de energia num mundo onde a energia é o bem mais precioso é simplesmente fantástica”, avalia o biólogo Celso Corradi.
Fonte: Jornal Nacional (04/06/2010)
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